Não somos todas Marielle. Pouquíssimas foram como Marielle. Foram pouquíssimas as que, sendo “mulher, negra, mãe e cria da Favela da Maré “, como ela se apresentava, ocuparam um dia um espaço institucional na política.
Nosso país tem um teto. O teto nem é de vidro; é um teto grosso e espesso de concreto, duro de quebrar, e que tem estado sobre nossas cabeças há uns cinco séculos.
Pra a elite nociva que construiu esse teto, se vier a independência, vir a República também já é demais. Se vier a República, o voto do povo também já é demais. Se vier a abolição, permitir que negra ou negro tenham terra também já é demais.
Se uma mulher, negra, mãe e cria da Maré conseguir quebrar todas as barreiras e se tornar uma das vereadoras mais votadas do Rio de Janeiro, ela dedicar seu mandato a defender a vida da juventude negra também já é demais.
Marielle, estamos tristes, indignadas, revoltadas. Mas vamos transformar o luto em luta, e vamos derrubar esse teto.
No país onde mataram Dandara, onde mataram Anatália, onde mataram Margarida e que até hoje é um dos que mais mata defensoras e defensores de direitos humanos, não vamos nos calar.
Para Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes, assassinados, nem um minuto de silêncio! Toda uma vida de luta.
Natália Bonavides – Presidenta da Comissão de Direitos Humanos, Trabalho e Minorias da Câmara Municipal de Natal/RN
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