Natália BonavidesA intolerância religiosa, o racismo estrutural e a conivência da Administração Pública com o desrespeito aos povos de terreiro de Natal mais uma vez atingem um dos símbolos mais importantes para as religiões de matriz africana em nossa cidade: a estátua de Iemanjá.
O orixá, representado em uma escultura localizada na Praia do Meio, teve uma das mãos brutalmente quebrada, em um ato que simboliza como nossa sociedade trata as religiões vinculadas historicamente às populações negras.
Infelizmente, não foi a primeira vez que a estátua foi atingida por atos de tamanha gravidade e a Prefeitura de Natal nada fez para buscar os responsáveis. É inadmissível que esse tipo de violência simbólica continue a acontecer sem que o Poder Público cumpra com seu dever de proteger e garantir a pluralidade religiosa.
Não se trata de apenas repudiar um mero ato de “vandalismo” de um patrimônio público, trata-se, em verdade, de reafirmar que o enfrentamento ao racismo e a garantia da manifestação religiosa não devem ser privilégios, mas direitos.
Nosso mandato se solidariza com o movimento negro, com a população de terreiros e se coloca à disposição para cobrar uma posição oficial da Prefeitura de Natal sobre o ocorrido.
Encaminharemos ofício cobrando como e quando a gestão fará o reparo da estátua e que providência tomará para coibir que essa violência simbólica persista em nossa cidade.
Foto: Pedro Feitoza (Estátua antes de ter a mão quebrada).
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