Deputada Natália Bonavides questiona general Santos Cruz na CPMI das Fake News

A deputada federal Natália Bonavides (PT/RN) participou hoje (26), em Brasília, do depoimento do ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência, Carlos Alberto dos Santos Cruz, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga as fake news (CPMI das Fake News), da qual a parlamentar faz parte. O general Santos Cruz se tornou alvo de bolsonaristas nas redes desde que defendeu o uso de critérios técnicos para distribuição de recursos públicos entre veículos de comunicação. Após uma campanha de ataques nas redes ele acabou demitido do cargo em junho.

A deputada questionou o general sobre as milícias digitais e o modus operandi delas, ele não respondeu aos questionamentos alegando não ter provas nem conhecimento para abordar o assunto.

“O senhor tem ideia de qual milícia é essa? De que grupos o senhor estava falando?  O senhor fez uma análise? Era esperado que o senhor se dedicasse a entender como aconteceu, o senhor conseguiu identificar o modus operandi? ”, questionou a parlamentar.

O general chegou a relatar que um assessor da presidência apresentou ao presidente um print no qual ele supostamente conspirava contra Jair Bolsonaro. Reconheceu também que os ataques dos quais foi vítima teve o objetivo descredibilizá-lo e derrubá-lo do seu cargo na época. Esses fatos podem representar um indício de que os ataques contra o ex-ministro contaram com a participação de alguém do Palácio do Planalto. Santos Cruz também alegou ter pedido à justiça que uma rede social fornecesse dados que pudessem identificar o responsável por um dos perfis que realizou ataques contra ele, porém não quis informar, nem sob sigilo, que perfil seria esse.

Desde que chegou ao Planalto, em janeiro, Santos Cruz se envolveu em seguidas crises com os filhos do presidente, além de um embate com o escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro. A comunicação de governo era um dos principais pontos de disputa. Desde que saiu do governo, tem feito muitas críticas ao uso das redes sociais pelo palácio do planalto, porém no depoimento foi contido. A relatora da CPMI, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), ainda o questionou sobre as desconfianças que ele poderia ter, o general declarou que não iria responder porque seria “leviandade”.

“Um ministro caiu nesse contexto forjado com mentiras, isso não é qualquer coisa, não é pessoal, foi uma interferência direta. Essa milícia digital compõe uma organização criminosa, linchamentos públicos foram feitos, tirar essa organização das sombras é uma função dessa CPMI”, declarou Natália.

A matéria da revista Crusoé afirmou que o assessor especial da Presidência da República, Felipe G. Martins, e o empresário Otávio Oscar Fakhoury atuaram para coordenar os ataques a Santos Cruz no episódio da APEX, mobilizando os grupos de WhatsApp bolsonarista. Filipe G. Martins, nas mensagens divulgadas na Crusoé, afirma que o Santos Cruz impedia a comunicação do governo de “deslanchar”. A parlamentar ainda o interrogou sobre o fato e, mais uma vez, o general declarou não saber responder.

O depoimento do general Carlos Alberto dos Santos Cruz à CPMI será apreciado pela relatora, Lídice da Mata.

Foto: Gabriel Paiva

Natália Bonavides

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